Exmo. Senhores
Padres da Missão Católica do Vouga (de Redentoristas do Cunhinga - Ex-Vouga)
Kunhinga- Vouga - Angola
Antes de mais venho antecipar o meu agradecimento pela disponibilidade que vai dispor ao ler esta minha pequena história de vida acompanhada de um pedido especial, caso seja possível, dentro das vossas vastas e “penosas” missão de amor aos outros.
Digo isso porque hoje, sinto que amar é uma dádiva de Deus e que por vezes uma grande responsabilidade. Angola terra de longos sofrimentos humanos onde hoje como nunca a guerra tudo tirou. O amor e a generosidade daqueles que amam a Deus, é muito importante no conforto daqueles que continuam a sofrer.
Contudo isso, gostaria de louvar a todos vós que ao serviço de Deus prestam aos irmãos o bem maior “de consolar os aflitos”, um bem-haja a todos.
Começo por apresentar-me: Chamo-me Maurício Silva, Nasci em 1959 no Vouga e vivia na aldeia de Capunda que fica na subida do Rio Kune, lado esquerdo o meu Avó era Soba da Aldeia, não me lembro bem dele, dele só tenho uma imagem na minha memória, a minha avó chamava-se Namalinha, era uma pessoa muito conhecido na aldeia, porque ainda hoje lembro-me quando ela ia a Missão do Vouga, levava sempre alguma coisa para o Senhor Padre (Padre Silva), os meus tios eram catequistas na aldeia, eles é que davam missa aos Domingos na aldeia de capunda onde passei a maior parte da minha infância.
Eu tenho dois primos Professores e também trabalharam no Hospital do Vouga como enfermeiros com os nomes de Veríssimo Kassoma e António Kapolo, estes dois são irmão do meu primo Guilherme que deve ser Padre hoje, Digo que é Padre, porque tive uma noticia do Padre Silva que o meu primo Guilherme era padre e pertencia a Congregação dos Redentoristas.
Fui Baptizado na missão do Vouga pelo Padre Artur Silva e também estive a estudar na mesma missão até no ano lectivo de 1972 com dois primos meus com os Nomes de Gabriel Nunda e Guilherme (resto de nome não me Lembro), eles depois de concluírem o ensino no Vouga foram para Seminário de Silva Porto (BIÉ) em 1972, ainda fui lá uma vez visita-los no Seminário durante dois dias.
Eu deixei a missão do Vouga em 1972, altura que abandonei a escola e fui para aldeia onde vivia a minha mãe que ficava entre a Vila de Belo Horizonte e Dondeiro (não me lembro o nome dessa aldeia, mais sei que ficava também próximo de uma fazenda com o nome de Konjo. Foi nessa fazenda que conheci a senhora portuguesa que me convidou para ir a Luanda onde eu poderia trabalhar na casa dela e ao mesmo tempo estudar. E depois do regressos de vários portugueses (em 1975), como eu não tinha outra possibilidade de regressar a minha aldeia por falta de transportes, fui trazida para Lisboa por Senhora com que vive os 3 anos em Luanda, que na altura a senhora trabalhava no Jornal “O Diário de Luanda”, pois eu devo a minha vida a essa pessoa, que hoje considero-a como uma mãe.
A Minha mãe chama-se Leontina Nagaié (não sei se é assim que se escreve), mais é por esse nome que a minha avó chamava a minha mãe.
Eu sou o primeiro filho, de pai branco (que vivia no Vouga), não sei o nome do meu pai, mais eu tenho ideia de a minha mãe dizer que o meu pai era e trabalhava na loja dos Tomés (que foram os meus padrinhos de baptizado).
A Minha mãe casou-se com outro senhor e dessa união teve mais 6 filhos (ou seja 4 irmãos e 2 irmãs), com os nomes de: Eduardo, Tito, Francisco, Paulina, Filipe, e a mais nova não sei o nome dela, penso que ela ficou com o nome da minha avó, que se chamava NAMALINHA, como era conhecida
Durante a guerra tentei muitas vezes procurar a minha mãe e outras pessoas da minha família por várias pessoas que fui conhecendo ao longo da minha vida e também por parte de uns elementos da UNITA, (Digo UNITA, porque estive sempre com ideia e as notícias que chegava-me aqui em Portugal, é que aldeia onde eu vivia era dominado por esse Partido). Mais mesmo assim as minhas referências eram poucas como o Senhor Padre pode ver, por isso, nunca obtive resposta nenhuma aos meus pedidos.
Os anos vão passando e a idade avança mas as saudades e as lembranças da família vão aumentados cada vez mais, à procura de identidade, quem sou afinal, são as difíceis perguntas sem resposta de todos os dias.
Espero que estas pistas sirvam para alguma coisa na sua pesquisa, pois serei eternamente grato pela sua generosidade.
Aguardo com ansiedade pelas possíveis notícias do Sr. Padre ou de alguém da minha família. Envio uma fotografia minha tirada em Angola (Luanda) em 1974, e outra tirada já este ano, talvez sirva para prova de reconhecimento de quem eu sou.
O meu muito obrigado disponibilidade
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